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Irmão do Jorel

Você já ouviu falar do Irmão do Jorel!?
É a primeira animação feita inteiramente no Brasil (e na América Latina) para o canal Cartoon Network.

A série foi criada por Juliano Enrico, que se inspirou em fotos e vídeos de sua família. Através das lembranças e imagens criou um universo de histórias e personagens, desenhando tirinhas e escrevendo histórias em quadrinho. Com o tempo, acumulou um bom material para desenvolver um projeto de animação.

No desenho animado, o irmão do Jorel é o filho caçula de uma família excêntrica e acumuladora nos anos 80. Jorel é uma figura muito popular, mas a serie não é sobre ele, e sim, sobre seu irmão, que enfrenta os primeiros obstáculos da vida em um ritmo alucinante. Ele também precisa descobrir sua própria personalidade, já que vive à sobra do irmão, que é uma lenda.

O desenho me conquistou logo de cara, pelo nome criativo, as histórias de cada episódio, os personagens satíricos que me fazem lembrar de muita gente que já passou na minha vida, e até mesmo de pessoas da minha família. Além de ter essa conotação familiar pitoresca com histórias que todo mundo já viveu, a série conquista admiradores de várias faixas etárias, mesmo tendo como alvo o público infantil.

Quem nunca foi apontado ou serviu de ponto de referencia, como o irmão, sobrinho ou esposa de fulano!? Algumas pessoas não tem nomes, ou vivem à sombra de alguém. Este é o dilema do Irmão do Jorel.

Persépolis – HQ

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Uma autobiografia em quadrinhos narra a infância de Marjane Satrapi durante a Revolução xiita no Irã, no final da década de 1970, que muda o cotidiano do país e, consequentemente, de sua família. A menina, precoce e curiosa – uma espécie de Mafalda do Oriente Médio – se vê obrigada a usar o véu e conviver com o discurso fundamentalista. Descobre mártires dentro da sua própria família, politizada e liberal demais para se ajustar ao novo regime. Ainda na infância, Marjane herda o discurso de seus pais, lê Marx e vários outros revolucionários, e passa a confrontar essas ideias com o discurso religioso que ouvia da escola.
Na adolescência, participa de protestos, vê a guerra atingir os vizinhos e sua família, e é expulsa do colégio ao confrontar as informações que a professora passava à turma. Em um desses “desvios de conduta” inaceitáveis em uma sociedade sob um regime autoritário, a Marjane adolescente compra fitas de bandas de rock americanas no mercado negro! Os pais percebem que a filha terá problemas nesse contexto e ela vai estudar na Áustria. Lá, descobre o punk, Beauvoir e a revolução sexual, mas não consegue esquecer quem é e de onde veio.
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A narrativa sensível somada aos quadrinhos em preto e branco, dão leveza a uma história dramática, mas sem perder a intensidade. Na apresentação do livro pela editora, temos uma ótima definição: “Em Persépolis, o pop encontra o épico, o oriente toca o ocidente, o humor se infiltra no drama – e o Irã parece muito mais próximo do que poderíamos suspeitar.” O sucesso do livro gerou uma premiada animação – prêmio do juri em Cannes e indicação ao Oscar em 2008.

Kelly Mendonça
Amante das Ciências Humanas e, como a Marjane, lê Marx e Beauvoir…